Deserto do Sahara
Sahara – Uma experiência sem igual!
Por Ceci Fortunatti

publicado em 12/05/2020

Privilegiadas são as pessoas as pessoas que já tiveram a oportunidade de pisar no Sahara e perceber que, em meio a imensidão, somos pouco mais que alguns grãos de areia. Não existe espaço para o ego.

Em outubro de 2019, pisei pela primeira vez, na África. O país escolhido para começar a desvendar esse continente cheio de riquezas foi o Marrocos. Por ser muito próximo da Europa, existem voos diretos muito em conta saindo da Espanha e Portugal. Em um desses, embarcou eu!

Nesse post, contarei apenas a minha experiência no Deserto da Sahara, prometo fazer outro post contando mais sobre toda a minha viagem para o Marrocos em breve. Já ressalto que foi um choque cultural e descobri que me pareço fisicamente com mulheres marroquinas, o que abriu um espaço gigantesco para que alguns homens do país se sentissem livres para me assediar, pois achavam que eu era uma marroquina e não uma turista (que, em sua maioria são loiras e muito brancas, europeias). Isso não significa que as turistas brancas e loiras também não são assediadas, ok? 

Voltando para a parte excelente da viagem, vamos falar sobre o Sahara!

Pelas estradas Marroquinas

Meu tour para o deserto partiu de Marrakech, uma das cidades imperiais do Marrocos que fica localizada ao Norte da Cordilheira de Atlas. Por mais que Marrakech seja o principal ponto de saída para visitação do deserto, ainda assim, ela fica bastante distante, são aproximadamente 600 km pela rota mais rápida. A qualidade das estradas nesse trecho me surpreendeu, pensei que seria muito pior. Uma grande parte estava em obras para melhorias e o restante estava em condições muito boas, o que guia atribuiu ao fato de ser uma rota turística.

O Sahara fica próximo a fronteira com a Argélia, enquanto Marrakech está na outra extremidade do Marrocos

Os motoristas correm como se não houvesse amanhã e não há radares eletrônicos, apenas alguns policiais de vez em quando (e nesse trecho, os guias já sabem e simplesmente colocam o cinto de segurança, abaixam os vidros, os cumprimentam e passam), isso faz parte da aventura.

Nas portas do Deserto

Chegamos as portas do Deserto pelo fim do terceiro dia de passeio. É emocionante perceber nitidamente o início do Deserto, parece que foi colocado lá.  A porta pela qual acessamos o deserto tinha essa linda árvore e note, na parte de trás, as Dunas de areia se formando, como se tivessem sido colocadas alí, nem um metro a mais e nem um metro a menos.

Observe as dunas se formando ao fundo, o começo do Sahara está aí!

Sahara significa “deserto” em árabe

Nossos guias falavam espanhol e sempre faziam brincadeiras quando falávamos “Desierto do Sahara” porque, para eles que são nativos em árabe, é como se estivéssemos falando Deserto do Deserto, uma vez que Sahara significa “deserto” em árabe. Então apenas Sahara é o suficiente para descrever o maior Deserto do mundo!

Iniciamos nossa caminhada pelas dunas e antes que pudéssemos caminhar muitos metros, chegamos à tenda dos Camelos. Que animal dócil, nunca pensei que eles fossem criaturas tão dóceis dessa forma.

Dromedários são o tipo de Camelo que habitam nos desertos do mundo e possuem apenas uma corcova

Na hora de sentar no camelo para fazer o tour no deserto, me peguei numa dualidade absurda dentro da minha cabeça: isso era certo? Esse animal era bem tratado? Se eu tenho pernas para andar, faz sentido eu montar em cima do animal que deve fazer isso várias vezes por dia? Devo contribuir com esse tipo de turismo? Se você não tiver interesse nessa discussão, basta pular o próximo tópico e seguir com o texto.

Camelos: Ético? Exploração?

Gente, passou um universo dentro da minha cabeça. Ao questionar os guias sobre os cuidados com os camelos, eles contaram um pouco sobre a cultura beriber e que esses animais, antigamente, andavam dias a fio sem comer e sem beber no deserto transportando o povo beriber (povo predominantemente nômade que ocupou e ainda ocupa o Norte da África) e que sempre foram muito bem tratados e respeitados, pois sem eles não se fazia nada no deserto até poucos anos atrás.

Eu realmente entendi o lado cultural e vi um grupo de pessoas que encontrou, no turismo, uma forma de migrar para o trabalho duro que faziam antes (comércio, lavouras, transporte de mercadorias e outros trabalhos que demandam mais esforço) pelo turismo, mostrando parte de sua cultura e provendo experiências diferentes aos turistas. Há quem critique minha forma de pensar, mas percebi que aqueles que não trabalham com turismo no Marrocos, se ocupam com pequenos cultivos (como as tâmaras, por exemplo). Vi um universo transformado pelo turismo e que, inclusive repassava preços altos para os turistas.

Acredito que ainda há muito o que melhorar, há muito o que se distribuir (uma vez que algumas agências de turismo movimentam o deserto inteiro), mas ainda assim, o turismo leva abundância para essas pessoas que, de outra forma, estariam na escassez e na miséria. Os animais são tratados como animais, assim como tratamos cavalos, eles são alimentados, bebem água, descansam (não trabalham de forma intermitente).

Entendo que o ato de subir em um camelo possa revoltar muitas pessoas, mas não a mim porque eu consegui entender, por trás de todo ato que é visto como uma exploração animal, que poderia existir uma exploração humana caso não houvesse a presença de turistas. Fica aqui a minha opinião.

Enfim, o Sahara

Assim que entrei no deserto, eu não conseguia mais raciocinar, deixei a emoção surgir e me entreguei aquela sensação de estar em um dos lugares mais antigos do mundo, em ver com os meus próprios olhos o Sahara, aquela imensidão de areias vermelhas que não parava de despertar infinitas emoções em mim.

Eu queria rolar naquela areia, queria sair correndo, queria brincar de me empanar nas dunas, eu não podia crer no que os meus olhos viam. As dunas são altíssimas e quando venta um pouquinho mais forte, você sente pequenos grãos de areia batendo na pele, te convidando para curtir o presente momento, te pedindo para estar presente.

Meu grupo parou em uma duna e comuniquei o guia que queria ficar sozinha, ele me instruiu até onde eu poderia ir, mas pediu para que eu não avançasse muito, pois ele não podia garantir a segurança caso eu me afastasse muito. A fronteira com a Argélia fica no Sahara, pouco mais de 10km pra frente de onde estávamos e é um território conflituoso, a Argélia e o Marrocos não tem boas relações há anos e desde 1994 suas fronteiras estão fechadas.

Então me afastei o suficiente para que não os conseguisse ouvir e me virei para o outro lado, de forma que eu não os pudesse ver e ali, consegui sentir o deserto, como se só existisse eu e aquela imensidão de areia, aquele mundo novo que eu estava vendo pela primeira vez com os meus próprios olhos.

É indescritível sentir a tarde caindo, os pelos do braço se arrepiando com o vento que vai ficando gelado a cada minuto, com aqueles grãos de areia tão finos que guardam história do mundo antigo.

Eu agradeci tanto, me senti tão pequena, mas ao mesmo tempo tão grata e privilegiada por ter percebido que, perto da imensidão aquele deserto, não existe espaço para ego, para  superioridade, para arrogância, simplesmente olhe para o deserto e você verá que é uma imensidão e todos os sentimentos negativos que podemos ter, são infinitamente pequenos perto dele, o Sahara, o Deserto.

Depois que meu momento de euforia passou, escutei o silencio. Mergulhei nele e ali fiquei até o por do sol.

Festa na noite do Deserto

Já era noite quando voltei para a minha tenda no acampamento nômade e estava tão feliz! Tomei um banho rápido (gelado, por sinal) e me preparei para a festa beriber que iria começar! Muita música de tambor, comida típica marroquina (o prato principal marroquino é chamado de Tajine, que é uma espécie de cozido de vegetais temperado com especiarias e pouco sal e alguma carne) e o céu estrelado do Sahara para deixar tudo ainda mais lindo!

Eu gosto muito do som do tambor, é algo que faz meu coração vibrar, desconfio que tenho sangue cigano correndo nas minhas veias. Foi uma noite muito especial e depois que o jantar terminou e a música acabou, fui dar uma voltinha no deserto na noite fria. A luz da lua estava tão forte que eu podia ver bastante as dunas. Infelizmente, não tenho fotos da festa, pois meu celular já estava sem bateria nessa hora.

O dia seguinte começou bem cedinho, no nascer do sol, quando as cores das dunas se transformam, indo de um vermelho escuro intenso, até um amarelado (quando o sol já está alto). 

É uma experiência linda, gente, não é possível passar com palavras o que foi a minha experiência no Sahara. Foi um encontro com o novo, com algo inesperado! Uma realização que falou com a minha alma e me transformou!

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